sexta-feira, 12 de março de 2021

20 semanas

 Hoje chegamos às 20 semanas. A meio caminho da viagem. Uma viagem que cheguei a acreditar que nunca mais iria concretizar.

Esta semana soube também o resultado da amniocentese e está tudo bem, graças a Deus! Um peso que me saiu dos ombros. Agora é esperar pela morfológica, daqui a duas semanas, para sossegar o meu coração mais um pouco. Vai estar tudo bem.

Hoje irei fazer uma Eco 4d para que o pai e mana possam assistir. Nunca o fiz da 1ª gravidez :) 


terça-feira, 2 de março de 2021

O que é ter uma gravidez sem sustos?

 Não sei.

Passaram 15 dias desde que fiz a amniocentese e seria pessoa para já estar minimamente descansada por ainda não me terem dito nada.

Há uma semana, tive consulta na GO para verificar se o líquido amniótico tinha ficado reposto, fiz eco e estava tudo ok. 

Nesse mesmo dia, já após a consulta, ligam-me do Hospital a dizer que o meu rastreio do 2ºT tinha um resultado de alto risco para defeitos do tubo neural e devia, no dia seguinte, fazer uma primeira eco morfológica de urgência para fazer um primeiro despiste.

Assim fiz. Eco aparentemente normal. Repito às 21semanas e pouco, para um estudo mais aprofundado.

Quero muito acreditar que está tudo bem, quero muito agarrar-me à ideia inicial que este é um bebé milagre, que esta gravidez aconteceu porque assim estava destinado e, por isso, terá um desfecho feliz, mas há dias em que é tão difícil. Há dias em que a nossa cabeça não para, nem acordada, nem a dormir. Esta noite sonhei que abortava. Tive muitos pesadelos destes no início da gravidez, quando ainda não sabia se era evolutiva ou não. Depois, pararam. Agora aconteceu novamente e espero que tenha sido só esta noite. 

O confinamento não ajuda. A M. vai demonstrando o desgaste de estar fechada num apartamento há mais de um mês. As idas esporádicas a casa das avós nem sempre são suficientes para colmatar a vontade de correr, brincar com os cães, brincar com a prima, andar de bicicleta, etc. O tempo também não ajuda. Parece que finalmente o sol tem dado um ar de sua graça, mas já apetece aquele calorzinho bom do início da Primavera.

Vai correr tudo bem, eu sei. Só pode.



sábado, 20 de fevereiro de 2021

O último mês

 Dia 15/01 lá fui fazer a eco do 1ºT, exatamente às 12semanas de gestação. Tudo aparentemente normal. TN 1,8mm, ossos nasais presentes. Boas notícias!

Devido ao susto que apanhei quando foi a gravidez da minha filha (rastreio combinado de alto risco para Trissomia 21), já tinha decidido que desta vez não o iria fazer e iria partir logo para uma amniocentese. Já sei que esta é uma opinião controversa, dado o eventual risco de aborto que daí pode advir, mas eu sabia que depois de tudo eu não poderia ficar na indecisão. 

A GO fez o pedido de marcação da amniocentese, mais uma vez para a Maternidade Bissaya Barreto, em Coimbra, mas aconselhou-me a fazer na mesma o rastreio e, mediante o resultado, depois decidiria se avança ou não com a dita cuja. Fiz o rastreio que veio de baixo risco para as três trissomias, mas cujo risco isolado (da idade) vinha de alto risco, com um valor de 1:176. 

Optei por fazer na mesma a amniocentese e lá fui eu no passado dia 15/02 (véspera do meu aniversário) rumo a Coimbra.

 
Ia muito nervosa. Os médicos não ajudaram. Quase me fizeram uma lavagem cerebral sobre a minha escolha. Que já ninguém queria fazer amniocenteses, que eu estava a remar contra a maré, se não confio no rastreio, para que é que o fiz... Enfim! Eu sei os riscos que corri (corro!), mas também me conheço como ninguém e seria uma gravidez angustiante com a probabilidade de o bebé ter algum problema.

Lá fiz a amniocentese. Correu tudo bem. Saí de lá e chorei, chorei, chorei. Agora é a espera. 4 longas semanas e Deus queira que não haja qualquer contacto antes disso. Caso haja, é sinal que algo pode estar mal. Da M. foi exatamente um mês, portanto espero resultados lá para dia 15/03.

Fiz repouso nos dias seguintes e na próxima terça tenho consulta para ver se está tudo bem e se o líquido amniótico foi devidamente reposto!

Vai estar tudo bem! Pensamento positivo atrai coisas boas!!

Há coisas que não mudam....

 Nomeadamente, o facto de eu não atualizar isto tanto como gostaria.

Então, na última entrada que vos escrevi, dava-vos conta de uma nova gravidez logo após um aborto espontâneo.

No dia 17 de dezembro lá fui eu repetir a eco. Enquanto aguardava, na sala de espera da CUF, todo o meu corpo tremia. Eu não conseguia sequer concentrar-me em nada no telemóvel. Até que chegou a minha vez.

Feto com batimentos cardíacos, 7semanas + 6 dias. Tudo bem, tudo normal.

Eu não sabia se havia de rir ou chorar. O meu milagre estava ali, naquele ecrã. Poder ouvir novamente aquele som parecia-me algo completamente impossível de acontecer.

Seria de esperar que isso me acalmasse, mas não. A ansiedade manteve-se, o medo era (é) muito. Ainda era tão pequenino, ainda tudo pode acontecer. Vamos com cautela.

No dia 5/01 reavaliação agora já com a minha GO de sempre. Tudo normal. Evolução normal. Eco do 1º T marcada para 15/01. Continuar com a progesterona (progeffik) pelo menos até às 12semanas.

O medo foi dando lugar à esperança. Tudo acontece quando tem de acontecer. Se este bebé foi concebido na situação em que foi e vingou é porque está destinado a correr bem.


sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Reviravoltas da Vida - Parte II

 De facto, depois do segundo aborto, o meu pensamento foi deixar passar algum tempo até voltar a tentar engravidar.

Como disse no post anterior, tive consulta a 27/10, na qual o médico referiu que estava tudo ok, o útero limpo, tudo fino.

O sangramento já tinha parado, entretanto regressei ao trabalho, reorganizar o que tinha ficado pendente, e no fim de semana de 14/15 de novembro comecei a sentir os meus seios mais sensíveis e inchados. Este é o meu primeiro sintoma de gravidez. Fiquei alerta, mas achei que era impossível. Pensei que se a M não viesse até 30 dias após o aborto, faria um teste, só por descargo de consciência.

Mas não aguentei e no dia 17/11 (6 anos depois de ter feito a amniocentese da minha filha) fiz um Clearblue. "Grávida 1-2 semanas". Fiquei em choque, mas, ao mesmo tempo, achei que provavelmente ainda seria hormona da outra gravidez. 

Mandei sms ao GO, que me disse que era pouco provável, mas só fazendo Beta-HCG. Assim fiz.

Dia 18/11 - resultado 21. Pronto, obviamente resto da outra gravidez. "Mommy, como é que tu, com ciclos anovulatórios, irregulares, gigantes, com SOP, irias estar grávida 24 dias depois de um aborto?"

Bom, just in case, 48h depois repeti o Beta.

Dia 20/11 - 56.2

"Parabéns, está grávida e a evoluir" - Mensagem do GO.

WTF? OMG!!!!!!!!!

E o medo? O pânico? A ansiedade? E se corre mal outra vez? O beta está tão baixinho :(

Dia 3/12 primeira eco: gravidez ainda muito inicial, 4,5/5 semanas, saco gestacional e vesícula vitelina, mas ainda nada de embrião. Saco implantado no sítio certo, ao contrário do anterior. Progeffik. Reavaliação dia 17/12.

Tem sido muito complicado lidar com a ansiedade. Já perdi a conta ao número de TG que fiz. Não quis repetir o Beta. Aguardo ansiosamente por dia 17.

Agarra-te, kid! 


Reviravoltas da vida - parte I

 É estranho, curioso... lixado... como a vida nos põe à prova sem que pensemos nessa probabilidade.

Passaram mais de dois anos desde o meu último post. Deixei em aberto a possiblidade de estarmos de volta aos treinos, mas quase dois anos depois (em maio deste ano) os treinos revelaram-se infrutíferos. Nada de gravidez.

Entretanto meteu-se a pandemia. Inicialmente, desconhecida e assustadora, mas não me demoveu.

Fui à minha GO e aconselhou-me a procurar um especialista em infertilidade. Cá em casa já tínhamos decidido que tratamentos não iríamos fazer, mas indução de ovulação era uma possibilidade.

Em agosto fiz um ciclo de indução de ovulação com injetáveis (Puregon e Ovitrelle), que não deu em nada. 

Em setembro optei por não repetir, mas fui fazendo a monitorização da temperatura basal e ovulei nesse mês. Como a minha fase lútea é de 14dias, aguardava a chegada da M para 24/09 para depois iniciar novo ciclo de indução.

24/09, nada de M. 

"Caraças, afinal agora que pensava que começava a perceber mais ou menos o meu ciclo, as contas estão erradas". Incerteza.

25/09 acordei e nada de M. "Se não vier até à hora de almoço, faço um teste". Antes de ir almoçar, fui ao WC e nada de M. Passei pela Wells, comprei um teste e lá fui até ao WC do Continente. Xixi no pauzinho e 3 minutos a fazer scroll no Facebook. 

E dois risquinhos no teste de gravidez. Comecei a tremer e a sorrir, sem acreditar. 

Imediatamente, o medo apoderou-se de mim. E se abortar outra vez?

Mandei mensagem ao GO, que disse que eco só duas semanas depois, antes disso era muito cedo.

Mas a minha felicidade durou apenas uma semana. No dia 04/10 comecei com pequenos sangramentos e no dia 05/10 fui ao hospital. Um pequeno descolamento do saco. Vida normal, sem esforços, Progeffik.

Dia 08/10 consulta com o meu GO. Possivelmente, gravidez não evolutiva. Repouso absoluto. Aumento da dose de Progeffik e pensamento positivo.

Infelizmente, nada disso fez com que esta tão desejada gravidez evoluísse. Fiz Cytotec a 23 e 24/10 e a 27/10 tive consulta. Tudo ok, útero limpo, endométrio fino. Esperar pela M e depois luz verde para voltar aos treinos.

Psicologicamente, custou-me menos do que o anterior. Acho que me fui mentalizando que este era o desfecho. Só queria voltar ao trabalho e à vida normal para não pensar muito nisso.

Aliás, nem queria ouvir falar em gravidez naquele momento. Tentar de novo ficou completamente fora de questão.

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

3 anos depois... uma vida....

Como seria expectável (?), o blog parou antes do nascimento da minha baby M.

Mesmo durante a gravidez, as atualizações foram espaçadas... mas vamos lá a um breve update!

A Baby M nasceu a 28/04 de 2015, às 39s+6d, depois de indução de parto devido a... tensão alta, claro! Foram 28h sem quaisquer desenvolvimentos, pelo que teve de ser de cesariana.

Recuperação chatinha nos primeiros 2/3 dias, internamento por mais 1 dia por perda de peso, mas tudo a correr bem.

Estes três anos passaram-se sem grandes percalços, é uma menina inteligente, com sentido de humor, ativa e muitoooo curiosa! A luz dos nossos olhos <3

Após a recuperação do parto, voltei a tomar a pílula. A única opção que a GO meu deu foi a Cerazzete (vulgo "pílula da amamentação"), devido à minha hipertensão. Mas esta pílula sempre me deu fortes dores de cabeça, até que um ano depois decidi deixar de tomar.

Por incrível que pareça, os meus ciclos passaram a ser certos. 28/30 dias... algo inimaginável para mim que cheguei a ter ciclos de mais de 90/100 dias!!!!

Surpresa das surpresas, em março de 2017 descobri que estava grávida. Foi um choque. Instantaneamente, senti que não estava preparada, que não sabia se era aquilo que queria, senti que algo não estava bem.
Fiz a primeira eco com a minha GO no dia 6/04/2017, estaria de cerca de 7 semanas. Tudo normal, nova eco 3 semanas depois.

Dia 21/04/2017, feto sem batimentos cardíacos. Desmoronei. Culpei-me. Chorei. "São coisas normais, que acontecem muito mais vezes do que se julga", palavras da minha GO, sempre tão incisiva e prática.

Dia 24/04/2017, entrada no hospital para dar início ao processo de expulsão. O mesmo hospital onde a M. tinha nascido. Ao meio-dia coloquei os primeiros comprimidos vaginais para iniciar o processo. E ali estive todo o dia, sem poder comer, a andar de um lado para o outro, para acelerar, junto a outras grávidas que também caminhavam para acelerar o trabalho de parto. Fui chorando, respirando, rezando que para tudo fosse natural, para não ter de ficar internada, para não ter de ser raspada. Durante a tarde, reforço dos comprimidos, as cólicas foram-se intensificando, diarreia (efeito secundário dos comprimidos), dores, lágrimas. Às 20h, enquanto caminhava pela enésima vez por aqueles corredores, agora já sem grávidas, senti algo que me fez correr para a casa de banho e ali, sozinha, sentada no chão, expulsei aquele ser de dentro de mim e chorei compulsivamente por largos minutos. Foi o momento mais triste da minha vida.
Limpei-me, levantei-me, enxuguei as lágrimas e fui ter com a médica. "Doutora, acho que já está". Fizemos eco e, sim, já estava, tinha expulsado tudo.
Tive alta e, sentada em frente à médica, enquanto aguardava que me passasse medicação, desabafei: "Sabe, Doutora, eu sempre soube que algo não estava bem. Sei que isto não é racional, mas desde o primeiro momento eu senti que algo estava errado." "Minha querida, se isto fosse tudo racional, era tudo tão mais fácil.", respondeu-me ela, agarrando-me a mão.

Recordo isto como se tivesse sido ontem. Conduzi para casa, sozinha, de noite. Só queria abraçar a M. e deitar-me na cama e dormir.
Estive 15d de baixa e desmoronei uma vez num choro compulsivo com o Daddy. Eu disse-lhe "Era o nosso bebé, perdemos o nosso bebé" e ele respondeu-me "O nosso bebé está ali a dormir naquela cama!" E tudo acalmou. O tempo fez acalmar. A M. fez acalmar.

O Daddy não fazia questão de um segundo filho e depois deste aborto, mentalizei-me de que não queria voltar a passar por isso. Temos a M., é a luz dos nossos olhos e a nossa razão de viver e somos felizes.

Mas, há uns meses, o daddy começou a falar no assunto. Se calhar, era boa ideia. Se calhar, a M. precisa de companhia. Se calhar...

Em junho, deixei a Cerazette, em junho tive a última menstruação (06/06). Passaram 78 dias. Dois testes de gravidez negativos. E nem sinal da menstruação. Vou deixar passar as férias e em setembro marco consulta com a GO.

Pode-se dizer que andamos em treinos, mas estou mentalizada que será o que Deus quiser. Sem stress, sem pressa, sem obrigatoriedade. O que tiver de ser, será! <3